BTD _Cap 01


Todas as noites era sempre o mesmo sonho, tudo era branco como a neve, havia varias moças com túnicas brancas iguais, no sonho elas eram conhecida, passei por elas que sorriram pra mim, corri  pelo corredor até a fonte, vi a grande árvore com galhos brancos e vários pássaros cantando.

“O que você aprontou com sua irmã agora?” a voz da mulher era suave e como uma melodia.

“mãe eu não fiz nada.” Respondi correndo até ela. “eu só queria brincar com a estrelinhas brilhantes.”

 Sua vestis negras, sua pele translúcida quase transparente, parecia um anjo flutuando sobre o chão, se fosse outra pessoa se assustaria com a visão, mas a mim não, pois era minha mãe, meu porto seguro.

“Sei.” Escutei seu sorriso debaixo do véu que cobria seu rosto, ela me ergueu me pegando no colo.

“Káira.” A voz de minha irmã soou através do templo. “Onde você esta sua pirralha.” A risada de Payne era escutada de longe. “Foi se esconder na barra do vestido da mamãe.”

“Payne ela é um bebê ainda.”  Minha mãe flutuou comigo no colo.

“Mas será uma grande guerreira como eu, então ela tem que começar agora.”

“Ela só tem quatro anos e ainda é humana Payne, e você sabe muito bem disso.” minha mãe me colocou no chão.

“Mamãe não quero ser guerreira, quero esperar o príncipe de olhos coloridos vim me buscar.” Falei encostando a cabeça em seu ombro.

“Quem anda te contando historia humana criança? E príncipe de olhos coloridos?”  Ela ergueu meu rosto pra me olhar. “Káira vá até Diretrix e diga que lhe de algo pra comer.”

“Mas eu não estou com fome.” Falei olhando pros pássaros que voavam trocando de galhos.

“Vá agora Káira.”

Sai correndo pelo menos corredor de antes e sou sugada por um túnel branco.



Dois anos atrás...

“Ananda, acorda.”

 A voz do meu irmão parecia um trovão de tão alta, puxei a coberta e tampei o rosto.

“Mãe pegue o balde d’água.” Ele gritou.

 “Filha de uma ...” espraguejei pulando da cama.

“Eu escutei isso mocinha.” Minha mãe gritou.

 Era incrível a audição que Nysan tinha, ela era minha mãe de criação, Hiroto era meu pai e o senhor certinho Yang era meu irmão mais velho. Todos eram brasileiros  descendentes de Japoneses e eu era a aberração da família.

“Nanda você vai chegar atrasada na escola de novo.” Ela chiou novamente.

 Entrei no banheiro e tomei um banho correndo, troquei de roupa, acabei de me arrumar.

“Bom dia Pai, Mãe.” Dei um beijo na testa de cada um.

“Ficou no computador até tarde.” Meu pai perguntou.

“Não fiquei treinando.” Respondi virando um gole de café com leite.

“Não se preocupe a tarde Yang ira treinar com você.”

“Nanda se você demorar mais um pouco não vai entrar na escola e vou chegar atrasado à agencia.” Yang jogou a mochila pra mim.

 “Bom que assim você não vai embora mais.” Peguei três bolachas. “Beijinho pra quem fica.”

 Adorava ir pra escola de moto com Yang, mas com a vaga de professor numas das melhores escolas de artes marciais em Nova Iork, essa semana seria a ultima da minha mordomia, sai correndo e coloquei a mochila nas costa. Ele me deu o capacete.

“Não acredito que você vai me deixar.”

“Já conversamos sobre isso, vou vim sempre que puder, e nas férias você pode ir pra lá ficar comigo você já tem 13 anos e pode viajar sozinha.”

“Quem vai tomar conta de mim Yang?” fiz uma cara de cachorro abandonado.

“Como se você precisasse de alguém pra ficar no seu pé, você já nasceu independente, agora para com esse bico de dengo e monta o traseiro nessa moto.”
Ele sorriu acelerando a moto.

“Yang esta sentindo?” respirei fundo tentando decifrar o aroma.

“Não.”

“Esta cheirando a talco de bebê.”

“Deve ser do bebê dos Oliveira, anda que nós dois estamos atrasados.”



Tempo atual...

“Bom dia.” A voz grossa de Yang entrou pelo quarto, ele se aproximou e me deu uma caneca com chá. “Toma pra você relaxar um pouco.”

Peguei a caneca e fui sentar na cama, peguei o travesseiro e coloquei no colo e escorei a caneca.

“Yang, vou trocar a medicação.” Falei encarando a fumaça que saia da caneca.

“Mais forte do que esse só calmante pra elefante.” Ele zombou dando uma risada, mais ficou serio depois. “Nanda será que não esta na hora de procuramos um Psicólogo, psicanalista, psiquiatra ou outra coisa nesse ramo?”  ele sentou de frente pra mim na cama. “ quem sabe se você conversar com alguém de fora especializado, esses pesadelos parem.”

“Você quer que eu chegue pra um pessoa que nunca vi na vida e diga. Olha eu vi quatro homens que mais pareciam fantasmas cheirando a talco de bebê, assassinarem meus pai adotivos e logo depois o líder deles que era o único que parecia humano tirando que era o triplo do meu tamanho me violentou até me rasgar toda e além de me morde e tomar meu sangue quase me matando,  ainda deixou um monstrinho dele dentro de mim, que eu odiei a coisa que crescia dentro de mim e fiz um aborto com 13 anos sem remorso nenhum, tenho 15 anos e sou uma assassina junto com meu irmão matando essas criaturas que de humana não tem nada. O que você acha de eu falar que todas as noites saímos pra matar vampiros? Talvez ela ou ele  me tranque num sanatório de doentes mentais.”  Suspirei fundo, nunca tinha dito nada do tinha  ocorrido no dia do assassinato dos nossos pais,  a não ser a Nina. Nesse dia Yang tinha me deixado na porta da escola, mas não consegui entrar, resolvi voltar a pé mesmo já que minha casa ficava a quatro quarteirões da escola. “Quando durmo sem a medicação eu vejo tudo de novo como se estivesse acontecendo de novo.” Comecei a chora e  Yang pegou a caneca e colocou no chão e me puxou pro colo dele.

“Não chore, só queria poder ajudar, não agüento mais ver você se dopando de medicamentos fortíssimos  pra dormi e que quando não funcionam  a deixam parecendo uma drogada durante o dia.”

Encolhi-me em seu colo chorando tudo que podia chorar. Sempre me mantive forte perto dele, mas desabafar tudo que guardei a sete chaves por vergonha  foi à gota.

“Vamos procurar o médico e trocar sua medicação tudo bem?” ele beijou o topo da minha cabeça. “As vezes deixar nossos sentimentos saírem pra fora e a melhor forma de lidarmos com o sofrimento.” Ergui a cabeça pra olhá-lo, ele limpou minhas lágrimas com a mão. “ se sente melhor agora?” Somente balancei a cabeça que sim. “Porque você nunca me contou o que aconteceu?”

“Por vergonha, medo.” Respondi me encolhendo mais ainda pra junto dele.

“Você não deve ter vergonha, você foi uma vitima assim como nossos pais, e mais cedo ou mais tarde vamos encontrá-lo e acabaremos com ele juntos bem devagar pra que ele sofra bastante.”